O cânhamo, planta milenar utilizada em diversas culturas ao longo da história, tem enfrentado um estigma persistente que, muitas vezes, impede o pleno reconhecimento dos seus benefícios, especialmente na alimentação humana. Apesar de ser uma fonte rica de nutrientes e um recurso sustentável, a associação do cânhamo com a canábis psicotrópica ainda gera dúvidas e desinformação. Neste artigo, vamos explorar o impacto desse preconceito, as questões regulamentares e os motivos pelos quais a semente de cânhamo merece um lugar de destaque na nossa dieta.
Um dos principais obstáculos na aceitação do cânhamo alimentício é a confusão entre cânhamo industrial e os efeitos que normalmente se atribuem à planta da canábis. O cânhamo industrial é, na verdade, a mesma espécie que a canábis utilizada para fins medicinais e recreativos, porém é uma variedade com características distintas. O cânhamo industrial compreende as variedades de canábis com níveis de canabinóides numa proporção segura e que não provoca os efeitos que geralmente se atribuem à canábis. A canábis cultivada para fins medicinais ou recreativos, contém níveis elevados de THC, um dos canabinóides responsáveis pelo "efeito".
Portanto, é seguro consumir alimentos derivados do cânhamo, como sementes ou óleo. Na prática, é como comparar uvas de mesa a uvas para vinho – semelhantes em aparência, mas usadas de formas completamente diferentes.
Benefícios Nutricionais das Sementes de Cânhamo
As sementes de cânhamo destacam-se como um verdadeiro campeão da nutrição. São ricas em:
- Proteína completa: Contêm todos os aminoácidos essenciais, o que as torna uma excelente fonte de proteína vegetal, ideal para vegetarianos, veganos e pessoas em busca de alternativas sustentáveis.
- Ácidos gordos essenciais: São uma das melhores fontes naturais de ácidos gordos ómega-3 e ómega-6, numa proporção considerada ideal para o corpo humano.
- Fibras e minerais: Ajudam na saúde digestiva e fornecem magnésio, ferro, zinco e fósforo. Além disso, o consumo regular de sementes de cânhamo tem sido associado à melhoria da saúde cardiovascular, controlo do colesterol, regulação do açúcar no sangue e fortalecimento do sistema imunitário.
Apesar desses benefícios, o cânhamo ainda enfrenta resistência devido ao preconceito associado à canábis. Em muitos casos, a falta de informação ou o medo do que é desconhecido leva as pessoas a evitar produtos derivados de cânhamo. Esse estigma também se reflete no mercado. Marcas que utilizam cânhamo na sua composição enfrentam dificuldades em educar os consumidores e, frequentemente, precisam ultrapassar barreiras impostas pela desinformação.
Expressões como "canábis alimentar" geram ainda confusão, alimentando receios infundados. Porém as regulamentações desempenham um papel crucial na aceitação e comercialização de produtos de cânhamo. Na União Europeia, o cultivo de cânhamo industrial é permitido, desde que os níveis de THC não ultrapassem os valores limite estabelecidos. Contudo, as normas variam de país para país, criando incertezas para produtores e consumidores.
A inclusão do cânhamo na alimentação não só contribui para uma dieta mais equilibrada e rica em nutrientes, mas também apoia práticas agrícolas mais sustentáveis e uma economia circular. À medida que mais estudos científicos são publicados e que as regulamentações se tornam mais claras, espera-se que o cânhamo ganhe o espaço que merece na alimentação humana, longe de preconceitos e mal-entendidos.
Na Stoned Company, acreditamos na transparência, educação e inovação como pilares para desmistificar o cânhamo e promover os seus benefícios com seriedade e responsabilidade. O cânhamo é muito mais do que um ingrediente alimentar – é uma oportunidade para abraçar um futuro mais saudável e sustentável.